13 setembro 2010

O tamanho de nossa fé

Estou me tornando repetitiva no assunto, mas é impressionante como depois que comecei a passear com minhas muletas encantadas, muitas pessoas ligam meu problema físico com fé. Assim como se a gente estivesse sendo castigado, sabe? E isso tem me deixado um pouquinho indignada.
Sábado passei o dia no orfanato como de costume e final de tarde me equipei com meu sonzinho mp3 rumo ao centro da cidade. Aventura de ônibus...aff, como é difícil subir nesses ônibus. Depois de bem acomodada vim pensando em minhas histórias, lembrando coisas boas que se passaram e sonhando com as que estão por vir.
Assim que chegamos no centro tinha uma "muvuca" bem grande. Policiais, palco, caixas enormes de som, muita gente, muita mesmo e uma tranqueira legal de carros. Ficamos ali parados uns 15 minutos até que os policiais resolveram organizar o troço. Neste tempo que ficamos parados observei que era um evento religioso. Dizia assim a faixa: HOJE É DIA DE MILAGRES. Gente, o número de pessoas era uma coisa absurda, no bom sentido é claro. Era uma mega show de uma igreja que na verdade nem conheço. O pastor, se não me engano chamasse Valdemiro.
Foi inevitável, para ir para casa tive que passar por meio de toda aquela movimentação e até que foi tranquilo. Recebi sorrisos, planfletos e vi muita gente humilde. Pessoas a procura de cura mesmo. Cadeirantes, muletantes e muitos outros "antes" numa fé imensa. Legal, fé nos alimenta. O que não entendo é quando dizem que os "malacabados" estão assim por que lhes faltou fé.
Segui o meu caminho ouvindo meu sonzinho. Ah, como gosto de música! Quando sai de toda aquela confusão, eis que em minha direção vinha duas senhoras. Cabelos longos e mal cuidados, vestidos compridos, na verdade saia e blusas sem nenhuma combinação, mas enfim, gosto é gosto. Atrás de mim vinha um senhor com dificuldades motoras, mas não utilizava num aparelho. A mais jovem para e fala comigo. Como estava com som, não a escutei. Tirei meus fones: " O que?" falei. Ela então me pergunta: "O Valdemiro já foi?". Imaginem minha cara de espanto ao ser perguntada por alguém que não conheço: "Quem?" Quando acabei de falar, ouvi uma sonora gargalhada do senhor que vinha atrás de mim. A senhora vira e diz: "Ah, deixa pra lá. Pensei que tinha ido atrás de milagre para não usar mais muletas". E eu: "Não, não fui." E a moça teve a "cara de pau" de ainda me dizer: "Engraçado, eu te vi lá." Impossível né? Se eu passei por lá foi num momento que ela nem estava, pois nos encontramos no caminho do evento. Eu saindo daquela "muvuca" e ela voltando, provavelmente.
Nem dei mais atenção. Coloquei meus fones de volta e continuei meu caminho. Em menos de duas semanas três pessoas meio que questionam minha fé. Minha fé está ligada a ética, moral, respeito a vida. Sou espírita e entendo que cada um tem propositos para serem alcançados. Nunca vou aceitar que minha condropatia, sinovite, artrose e tendinite tem a ver com castigo de Deus. Como podem dar a Deus essa personalidade do mal. Deus é justo e protege sempre seus filhos.

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