20 janeiro 2011

Sensações ao ver chegar uma enchente

Terça-feira vivi algo aterrorizador.
O Brasil está passando por uma dor muito grande. As águas estão invadindo nossas casas, ruas, vidas de uma maneira tão cruel que diante de tanto sofrimento aprendemos amargamente o sinônimo das palavras morte e perda. Também estão muitos brasileiros nos ensinando o que é ajuda, solidariedade, companheirismo e AMOR AO PRÓXIMO.
O que a região Sudeste tem passado nestes últimos tristes dias, também passamos aqui em Santa Catarina há dois anos atrás, embora a tragédia do Rio de Janeiro é inexplicavelmente maior. E a cada manhã o número de vítimas cresce nos deixando boquiabertos diante das notícias que a mídia nos traz a cada instante.
Assistimos a tudo meio assim perdidos, não entendendo o que vem acontecendo. Uns dizem que é o fim do mundo; prefiro pensar que é um grande descuido nosso com a natureza, mas isso é discussão para outro post. O que vim contar aqui foi o que aconteceu comigo e com meu filho Victor na terça-feira (dia 18/01/2011) a noite.
Embora chovesse aqui em Floripa, Victor e eu decidimos ir na casa de Dayana pegar os biscuits que encomendei e de lá fomos dar uma volta no Shopping Beira Mar. Amo ir ao shopping com meus filhotes. São momentos tão delícia, especial. Sempre lanchamos  (gordinhos são bucha viu hehehe), passeamos vendo as novidades nas lojas e papeamos muuuuuuito. Acabamos meio que colocando a conversa em dia. Sabe como é, trabalho, escola, amigos, acabam reduzindo nosso tempo juntos. Tempo só nosso.
Perto das 22 horas saimos do shopping quando nos deparamos com um temporal. A água era tanta na rua e batendo no vidro do carro que mal enxergávamos o que estava em nossa frente. Na hora lembrei-me dos meus pais que moram numa região aqui em Floripa que enche com freqüência. Na última enchente meus pais tiveram perda total do carro zero que haviam comprado há 3 meses. E sabe como é seguro, não é mesmo? Sempre saimos perdendo. Liguei para o celular da minha mãe e meu pai já estava embaixo do prédio tentando tirar o carro.
Minha mãe me tranqüilizou dizendo que ali estava tudo bem. Não me convenci e pedi o Victor que passasse pela rua dos meus pais antes de irmos para casa. Fico muito assustada com o estresse que meu pai pode passar; sabe como é safenado. Gente, entramos na avenida e já de cara vimos um carro na contramão. Ainda dei um "xingão". Nem imaginava o que estava por vir. Fomos avançando e encontramos um certo desespero em tirarem os carros dali. Ainda não tínhamos percebido a subida da água. Quando Victor se deu conta, estávamos presos entre um carro atrás que não voltava e um na frente que ameaçava em avançar. O povo na rua era grande. E começou a me dar um troço no carro. A água subindo e eu entrando já em pânico.  Victor tranqüilo, pedia para eu ter calma. Sai, pedi ao carro da frente que esperasse e fui no de trás. Gente, atrás dele havia uma fila imensa. Muitos deles nem imaginavam que a água subia rapidamente. Aí numa corrente, um foi avisando ao outro e a fila começou a andar de ré. 
Entrei no carro e senti muitas dores no pescoço e na coluna. Acredito que minha pressão foi as alturas. Finalmente saímos daquele sufoco e na contramão subimos uma avenida. Chegamos em casa bem, mas não conseguimos chegar até meu pai. Ligamos para o seu celular (oh invenção espetacular) e ele estava lá embaixo com o carro na rampa do prédio. Pediu que fôssemos para um lugar seguro. Vejam que emoção: meu pai dentro do perigo preocupado conosco. Paizão é lindo viu!?
Nem preciso dizer que a noite foi um tormento só, não é? Mas amanheceu e as coisas aqui, graças a Deus, voltaram ao normal. Felizmente meu pai conseguiu tirar o carro e colocar num local mais alto. Teve que voltar para casa depois com água acima do joelho, mas chegou.
Fico aqui imaginando a loucura que é a sensação de ver  as águas invadindo tudo, arrancando seus sonhos, levando sua vida, seus amores...
Cabe agora aqui meu minuto de silêncio.....................





E que Deus abrace as vítimas do Sudeste e dê a paz necessária para acalentar o coração de seus filhos.

9 comentários:

  1. Te confesso que ouço trovão e tremo, só por causa da goteira em casa, penso nesse povo do Rio de Janeiro. Só por Deus mesmo. beijos

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  2. Que sufoco Kekel.
    Eu entraria em pânico. Tenho tanto medo de enchente que a cada vez que vejo esse povo sofrendo passo muito mal.
    Imagina só perder vidas queridas.
    Muita paz e luz para todo esse povo que sobreviveu.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  3. Nossa, Kekel!

    Que susto! Imagino o seu medo, nossa!
    O ser humano vem agredindo a natureza há muito tempo. Chega uma hora em que ela se revolta, vira contra nós. E dá o troco em fúria. É triste, muito triste, como você bem colocou no post. A água arrastando uma vida inteira, arrastando vidas...
    Poxa, seu pai é um paizão mesmo, não?!! Que barato, o meu é bem isso também, uma graça! Que delícia...

    Beijos

    Carla

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  4. Kekel, fiquei mesmo angustiado com tudo que você passou!
    Imagine dar uma saidinha com os pimpolhos(filhos) e passar por toda esta situação por conta da ignorancia humana, em provocar a natureza!
    Destruindo as florestas e judiando dos bichos, um amigo comentou meio por brincadeira, mas eu acho que é verdade, deus deve estar muito bravo com a agente!
    Mas que bom que o que você passou só foi um pequeno inconveniente e susto neh!
    Compartilho agora este minuto de silencio.....

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  5. Oi amiga!! agora que li isso aqui,fico pensando: O que fazer em uma situação dessa?correr?ficar parado???Nossa!! eu no momento faço tudo,depois no outro dia entro em desespero!Nem imagino o que passou amiga!!Mas na verdade acredito que tudo isso seja um aviso para as pessoas se amarem mais e viver o dia de hoje,pois infelismente as pessoas andam materialistas demais..não sera a hora de mudarmos tb?pq na verdade não só nossos governantes tem culpas,nois tb temos um pouco de culpa nisso tudo que esta acontecendo.Quem coloca lixo em todo canto????
    Grande beijo minha flor!

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  6. Para mim a chuva no telhado é cantiga de ninar!Para o pobre meu irmão,para ele a chuva fria vai entrando em seu barraco e faz lama no chão!Ajuda senhor,o povo a superar esses momentos de tristezas,perdas e medos!

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  7. Ai Kekel sem palavras, me imaginei dentro do seu desespero com seus filhos. Mas graças ao nosso maravilhoso Deus que não aconteceu nada a vocês e nem aos seus pais. Agora o que aconteceu e ainda acontece no RJ é muito triste. Eu só peço a Deus Misericórdia para aquelas famílias, e o conforto do Espírito Santo para quem perdeu seus entes queridos.

    Fique na Paz de Deus minha linda.

    Beijos

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  8. Oi amiga recebi hj o troféu!!AMEI!!Nossa vc mora em Floripa,eu morei aí,alias tive minha filha em São José,e tenho um cunhado que mora aí tbm,qnd eu for pra Floripa vamos combinar de nos ver,vou ver se vou ainda nas férias,mas dai te aviso...Se quiser me add no msn é aldrey_laufer@hotmail.com,se quiser fique a vontade.bjs lindona

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  9. Nossa Kekel é um panico só.. eu ja passei por isso dentro do carro, a gente fica tão pequeno com o problema, tão impotente que a angustia se torna maior.
    Quando criança, eu tinha uma tia que morava em um local que alagava com as chuvas e era próximo ao centro de São Paulo, eu na minha ignorancia infantil achava o máximo ter uma piscina toda vez que chovia, até o dia que estava na casa e vi aquela agua toda entrando, sem pedir licença e todos na casa desesperados erguendo moveis e tentando conter os ratos que vinham junto com a agua... depois disso nunca mais quis esse tipo de piscina.
    Deve ser desesperador as pessoas perderem tudo, todas as referencias de sua vida se vão com a agua e os desmoronamentos.... creio que deve demorar muito para voltar a uma vida normal!

    Beijos Kekel

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